Apesar da lentidão na divulgação dos resultados das eleições pelo TSE, mas com quase 60% das urnas apuradas pelos TREs, os candidatos Bruno Covas (PSDB) e Guilherme Boulos (PSOL), foram os dois candidatos qualificados para disputarem o segundo turno das eleições. Covas obteve 32,81% dos votos. Boulos, 20,35%.

O prefeito Bruno Covas, que tenta a reeleição, foi o primeiro, foi o primeiro a fazer uma declaração à imprensa. Disse que havia vencido os radicais no primeiro turno e contava com a união de todos os paulistanos para vencer novamente os radicais no segundo turno. Guilherme Boulos, por sua vez, falou em seguida, de sua casa no Campo Limpo. “Vencemos o Bolsonaro em São Paulo, vencemos o projeto do ódio, do atraso e da mentira. Vencemos o João Dória, porque é ele quem governa, de fato, a cidade. Ouvi o Bruno Covas falando em vencer os radicais. Radicalismo, para mim, é ver gente revirando o lixo para comer, radicalismo é diante da pandemia, manter hospitais fechados, como o do Emílio Ribas e da Brasilândia, radicalismo é o abandono da cidade”, disse.

O candidato do PSOL acredita que agora, em condições iguais de disputa, irá junto com a população, virar a página do atraso e convidou todos àqueles que também desejam a mudança na cidade o acompanhe no segundo turno.

O candidato do PT, Jilmar Tatto, havia dito na manhã do domingo, antes de votar que se não fosse ao 2º turno, e Boulos estivesse lá, teria o seu apoio.

A esquerda não está mais acuada

Se nas últimas eleições a esquerda perdeu grande parte de seu apoio popular, muito pelos reflexos do impeachment de Dilma Rousseff, dos episódios subsequentes da Lava Jato e, depois, pelo desempenho prá lá de questionável da candidatura de Jair Bolsonaro, desta vez, foi o próprio bolsonarismo que sofreu um grande revés. O alerta está ligado.

O desempenho do presidente, tanto nas questões econômicas e políticas, quanto sociais fizeram seus índices de reprovação chegarem muito próximo dos 50% em todas as capitais do país e seus candidatos sentiram diretamente na pele (ou na urna) esse sentimento popular.

Nesse contexto, a esquerda deu sinais de que vem, aos poucos, recuperando o fôlego e importância no cenário político. O povão começou a enxergar o quanto é necessário manter seus direitos intactos, o Estado garantir a educação, a saúde e investimentos nas áreas sociais e, principalmente, políticas públicas capaz de gerar emprego e renda e, assim, diminuir as desigualdades no país.

Por outro lado, a base social bolsonarista dá sinais claros de saturação, desgaste e desânimo. Assistem esvair-se pelos dedos o alento do “auxílio emergencial” negligenciado por Bolsonaro, que efetivou os pagamentos a contragosto, e só depois da bancada de oposição, com o PT à frente, bater na mesa e exigir que as parcelas fossem de R$ 600. Bolsonaro queria apenas R$ 200.

Os escândalos que envolvem membros de sua família, sobretudo, os seus filhos, e a total incapacidade de conter e dar sinais positivos para solucionar as crises – como a da Covdi-19, por exemplo, também são determinantes para que a base bolsonarista se esfarele.

Sem contar com o embate com os militares, com o próprio ministério, inclusive, com o ministro Paulo Guedes que, até o momento, não foi capaz de dar respostas claras para conter a inflação. Convulsão social à vista.

E, para tirar um dez, acrescenta-se a crise das vacinas e a comemoração da morte de um voluntário – que nada teve com os testes da CoronaVac. É uma situação vexaminosa, vergonhosa e indigna para os bolsonaristas.