Que o governo Tarcísio vem demonstrando que está cada dia pior, isso não há dúvidas. Agora, na Educação, está se superando na ruindade. A Secretaria de Educação quer transformar o professor em administrador de sistema de computação. Para o secretário, Renato Feder, o mais importante é que as planilhas dos programas sejam preenchidas e que os alunos as acessem. Não interessa se estão aprendendo ou não.

Ser professor da rede estadual, hoje, é um martírio pedagógico. A sua principal tarefa não é mais ensinar os alunos a ler, escrever ou raciocinar. Mas, sim, quantos acessos nas plataformas foram registrados. Formação pedagógica? Nem pensar! Os gestores da escola paulista só pensam em “bater metas de acesso”.

A verdade é que os supervisores de ensino, diretores e ou coordenadores são pressionados dia após dia a baterem as metas estabelecidas pela SEDUC, senão terão suas designações cassadas. Resultado: acaba sobrando para os professores que, por suas vezes, como consequência, adoecem. Muitos deles, inclusive, pressionam seus alunos para, justamente, acessarem o tal “sistema tecnológico”. Alguns alunos, por seu turno, rebelam-se e boicotam a educação. Há relatos que a alguns desses alunos “combinam” não acessar o “sistema’ para derrubarem os diretores. Os alunos acabam acreditando que seus algozes são os professores e gestores.

Trocando em miúdos, instalou-se na escola em todo o Estado, uma verdadeira “guerra psicológica” silenciosa. O ambiente pedagógico e psicológico nas unidades escolares é péssimo. Não existe mais a solidariedade de classe. Cada um tenta se salvar como pode. Ou melhor, “sobreviver”. Nós, temos que inverter essa lógica perversa. A saída é usar a própria tecnologia como resistência a favor da organização e sobrevivência psicológica. É preciso, urgentemente, recusar o triste destino da morte silenciosa, porque o que o sistema estadual de educação quer é a doutrinação pedagógica e transformar os professores em verdadeiros robôs que administram o sistema tecnológico.

Resistência tecnológica tem que ser a saída. E, atenção! Não se pode confundir isso com o “Ludismo”, movimento inglês do início do século XIX, quando os trabalhadores destruíam as máquinas, durante a Revolução Industrial.

Os professores não vão destruir os computadores, mas usá-los como ferramentas para a sua organização de classe. Resistência tecnológica significa recusar-se a adoecer e ter problemas psicológicos. É preciso dizer “não” à ditadura tecnológica. E o que fazer? Sendo, por exemplo, militantes ativos nas redes sociais, denunciando à comunidade escolar e toda à sociedade estas atrocidades, esta ditadura de números e acessos. Os professores não podem aceitar esta situação. Ser professor significa “aprendizagem”, “saberes” e, principalmente, “vida”.