Antes que a narrativa tome corpo e os interessados passem a divulgar, insistentemente, que foi o PT o responsável pelo não registro do Bloco que apoiava Baleia Rossi, é preciso colocar os pingos nos “iss”. O Bloco formado por PT, PSL, MDB, PSB, PSDB, DEM, PDT, Cidadania, PV, PCdoB e Rede iniciaram o processo de registro de seus indicados à composição da Mesa, desde às 11 horas da manhã. O prazo se encerraria às 12h. O sistema operacional estava com problemas técnicos, mas registrou todas as tentativas de inscrição, além das ligações entre as lideranças com os membros da Mesa Diretora. Tudo registrado e confirmado. O PT só conseguiu registrar a sua indicação às 12h06. Rodrigo Maia, ciente dos problemas técnicos, e ainda presidente da Câmara, reconheceu o problema e aceitou a inscrição do Bloco.

No entanto, eleito presidente da Câmara, o primeiro ato de Arthur Lira (eleito com 302 votos contra 145 a Baleia Rossi, entre os principais concorrentes), foi anular o registro do Bloco opositor. “O então presidente da Câmara reconheceu, de forma monocrática, a formação do bloco apesar da evidente intempestividade, e contaminou de forma insanável atos do pleito como o cálculo da proporcionalidade e a escolha dos cargos da Mesa”, disse Lira.

Lira, além de anular a votação para a composição da nova Mesa Diretora e convocar novas eleições para hoje, 2/2, dissolveu o Bloco de Baleia Rossi.

A iniciativa de Arthur Lira teve um objetivo; golpear a oposição para afastar qualquer problema para a gestão de Bolsonaro. Com uma nova eleição, sem os partidos do Bloco de oposição, nova proporcionalidade seria calculada. A princípio, se valessem as regras, dos sies cargos da Mesa, Arthur Lira ficaria com três e o Bloco de Oposição também com 3. Com o golpe, Arthur Lira ficaria com cinco e o Bloco com um cargo (que caberia ao PT, mas sem a importância que teria direito).

“Foi uma violência contra a democracia. (Arthur Lira) Mostrou que será um ditador a serviço de Bolsonaro”, disse a deputada Gleise Hoffmann (PT-PR), presidenta nacional do PT, em protesto contra a primeira decisão de Lira.

Os partidos golpeados prometeram recorrer ao Supremo Tribunal Federal

A segunda iniciativa de Lira, após falar que colocará em votação medidas de combate à pandemia da Covid-19, foi promover uma festa de comemoração à sua vitória numa casa no Lago Sul, reunindo cerca de 300 pessoas, quase todos sem máscaras. Ministros de Bolsonaro estavam presentes.

O Deputado Federal Alexandre Padilha (PT-SP) relatou ao CCN Notícias que o “clima entre os deputados é muito tenso”

E agora?

O diretor do CCN Notícias, Luiz Felipe Krehan, apontou que há quatro elementos a serem levados em consideração num cenário propício para o impeachment de Bolsonaro: a pressão popular (pela reprovação das pesquisas e protestos de rua); alguém que inicie o processo e o leve adiante; a pressão da elite ou parte dela, que já tiveram prejuízos econômicos enormes, principalmente, durante a pandemia, e aceite estimular o afastamento; e, por fim, o ‘traidor’, figura indispensável para cobrar a fatura do governo. Vale lembrar que Bolsonaro esqueceu a pandemia para liberar o que o país tinha ou não tinha para oferecer cargos e recursos aos deputados na votação da Câmara. Resta saber se irá cumprir.


 

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