A pré-candidatura de Ricardo Nunes à reeleição à prefeitura vem crescendo a cada dia. Pelo menos, é a percepção que tenho a partir das movimentações, campanhas de marketing e realizações anunciadas por ele nos últimos meses de 2023. Tanto que as últimas pesquisas de opinião dão conta que o pré-candidato Guilherme Boulos (PSOL) ganharia no primeiro turno com 31,1% e Ricardo Nunes, em segundo, com 25,4%. No entanto, Nunes ultrapassaria Boulos no segundo turno e levaria a Prefeitura com 41,3% a 39,8% respectivamente. Evidentemente, aceito as opiniões divergentes dos leitores, desde que não venham acompanhadas com agressões verbais e pessoais.

Ricardo Nunes, do ponto de vista da gestão social da cidade, até hoje não mostrou a que veio. Decidiu pisar no acelerador e mostrar algum serviço no apagar das luzes do mandato. Algumas de suas obras: recapeamento asfáltico, operação tapa buracos, cestas básicas entregues nas unidades escolares. Ou ainda, a construção de quadras esportivas cercadas, com alambrados e mini arquibancadas; praças com brinquedos e parques para crianças com piso emborrachado. Todas devidamente creditadas ao Prefeito, como se fosse a população que estivesse colocado de forma espontânea para fugir da lei eleitoral. Obras típicas feitas às vésperas de campanha eleitoral.

Agora, em dezembro, Ricardo Nunes fez uma jogada de mestre; liberou com 60 dias de antecedência o Cartão do Uniforme Escolar e do Material Escolar. Resultado, cerca de 1 milhão de pais e mães da periferia estão recebendo em medida R$ 976,99 (sendo R$ 583,60 para o uniforme e R$ 393,39 para o material).

Claro que há o relatório do Tribunal de Contas do Município que analisará em janeiro a prestação de contas do Prefeito, segundo o qual há a possibilidade de ter cometido “pedalada fiscal”, o que o tornaria inelegível em 2024. O TCM diz que o prefeito descumpriu as determinações para o gasto mínimo em Educação, conforme exige a Constituição. Ricardo Nunes disse que gastou em 2021 R$ 1,5 bilhão. Mas, efetivamente, obras e serviços correspondentes a esses gastos só foram realizados no ano seguinte, em 2022, outro ano fiscal. Todos os Estados e municípios do país são obrigados a gastarem em Educação, no mínimo, 25% do total arrecadado em impostos no ano fiscal. No caso de São Paulo, com a manobra realizada por Ricardo Nunes, as contas daquele ano atingiram somente 22,7%.

No entanto, em que pese essa pendência, passível de contestação, é preciso que não se menosprezem os fatores abonadores ao Prefeito nas análises políticas. Eu mesmo, estou Diretor da Escola Jardim Damasceno, na Brasilândia, e essas iniciativas causam grande alívio sobretudo aos mais carentes.

A recuperação do espaço político já é visível. E poderá crescer mais com um tempo de propaganda de sua campanha eleitoral considerável nos meios de comunicação. A campanha que faz hoje já é boa e sua imagem está fixando-se. Esqueçam, por tanto, que Ricardo Nunes é um fantoche ou que ninguém o conhece.

Cereja do bolo

Como não apontar a Tarifa Zero aos domingos, no final do ano, durante todo o ano de 2024, além de datas comemorativas, como a “cereja do bolo” da sua campanha eleitoral? A iniciativa custará aos cofres municipais de R$ 280 mi a R$ 500 mi para a alegria dos donos das empresas de ônibus. Claro que isso pouco importa aos mais de 2,5 milhões de beneficiados.

E podem estar certos, outras cerejas virão até outubro de 2024. Até porque a direita sabe usar a máquina da prefeitura a seu favor e sem nenhum pudor.

Ao mesmo tempo, soma-se a isso um grande arco de alianças políticas que Ricardo Nunes vem alinhavando. Já conta com seis partidos políticos (MDB, PSD, Republicanos, União Brasil, PP e PL) que lhe darão um tempo extraordinário na TV para mostrar suas obras e defender-se dos ataques. Claro que, com eles, veem também as velhas raposas e práticas perniciosas da política; o extrema-direita Tarcísio de Freitas; a Igreja Universal do Reino de Deus; a família Milton Leite que dispensa apresentações; o malufismo e o apoio de Jair Bolsonaro.

Enfim, a pré-candidatura de Nunes é respeitável, sem falar no grande número de vereadores que apoiarão seu nome.

Esse, em minha opinião, é o cenário político da cidade no final 2023. Muita água ainda vai rolar por debaixo da ponte. Em janeiro voltarei aqui no CCN para analisar outra pré-candidatura à prefeitura: a do Deputado Federal Guilherme Boulos (PSOL), que contará com o apoio direto de Lula.

Um excelente finalzinho de ano a todos e a todas e um 2024 maravilhoso aos leitores do CCN Notícias.