“Texto sem contexto, é pretexto para propaganda, mentira ou manipulação" Ditado popular.

A Ucrânia era parte do império russo desde o século X, aliás, Kiev já foi a capital da Rússia.

Em 1922, passou a ser uma das repúblicas da União Soviética.

Em 1991, com o colapso da União Soviética virou um país independente.

Em 2014, uma "revolução colorida" patrocinada pelos Estados Unidos e seus aliados, derrubou o governo eleito pró-Rússia.

Duas províncias não aceitaram a derrubada do governo iniciando uma guerra civil.

A Criméia, uma região da Rússia que foi cedida à Ucrânia em 1954, voltou a fazer parte da Federação Russa, após um plebiscito.

Os Estados Unidos e seus parceiros europeus estabeleceram estreitos vínculos com o governo da Ucrânia, inclusive fornecendo armas, assistência técnica e treinamento militar ao exército ucraniano.

O governo da Ucrânia iniciou negociação para fazer parte da aliança militar dos Estados Unidos com a Inglaterra e os países do Mercado Comum Europeu (OTAN).

A Rússia vem denunciando essa estratégia como uma ameaça a sua segurança e que é inaceitável.

Em 24 de fevereiro de 2022, a Rússia invade a Ucrânia alegando objetivos de "desnazificação" e "desmilitarização" do país.

Os Estados Unidos e seus aliados reagem com sanções econômicas e confiscos de reservas financeiras internacionais da Rússia.

Em que contexto geopolítico se dá esse conflito?

Após o colapso da União das Repúblicas Socialistas Soviética, os Estados Unidos da América consolidaram a sua hegemonia como única potência mundial, impondo ao mundo sua dominação imperialista.

O dólar como a moeda principal do comércio mundial passa a ser chave no controle financeiro do mundo, por exemplo, o petróleo só podia ser negociado em dólar (o chamado "petrodolar").

Para manter essa política, eles invadiram o Iraque, a Líbia, promoveram as "revoluções coloridas" nos países árabes, sanções econômicas ao Irã, guerra da Síria e etc.

Outro braço da dominação anglo-americana foi a globalização da produção de mercadorias, uma arquitetura financeira global e o estabelecimento de regras comerciais que os favorecem.

Essa estratégia deu muito certo, até o início do século XXI, quando a China destinada a ser a "fábrica" do mundo capitalista, passou a competir tecnológica, financeira e comercialmente com o império anglo-americano.

Na verdade, a guerra na Ucrânia é um catalisador da guerra global dos dominadores globais contra os novos poderes que desafiam sua hegemonia, como a Rússia e a China.

A Rússia é uma grande exportadora de petróleo e gás natural, principalmente para a Alemanha.

A empresa estatal russa de petróleo, em consórcio com empresas europeias, construiu um segundo gasoduto para a Alemanha, sob o mar, sem passar por nenhum outro país.

Os Estados Unidos sempre temeram a aliança da indústria alemã com a energia e matérias primas russas, sinergia que fortaleceria os dois países.

Eles conseguiram uma vitória estratégica, a guerra e a imposição das sanções econômicas têm destruído essa relação comercial.

A Rússia, em contra-ataque às sanções, exige o pagamento do gás que fornece à Europa em Rublos (moeda da Rússia), quebrando o domínio do dólar e volta ao "padrão ouro" ao garantir uma grama de ouro para cinco mil rublos.

O dólar era garantido por ouro até 1971, e hoje o "lastro" da moeda é o poderio militar e "controle" do mercado de energia (petróleo e gás) pelos Estados Unidos e aliados.

A China também se movimentou no tabuleiro e, em 4 de fevereiro de 2022, assinou uma parceria estratégica "sem limites" comercial, financeira e militar com a Rússia, criando um novo poder econômico e militar no mundo. Estamos assistindo o fim do mundo unipolar e o fim da globalização neoliberal.

O petróleo, o gás e os alimentos sobem de preços, pois as sanções econômicas e a guerra, começam reduzir a oferta desses

produtos causando inflação.

O império contra-ataca e passa a fornecer armas modernas contra a Rússia e pretende lutar até o último soldado ucraniano.

O povo ucraniano é a maior vítima desse jogo de poder, com milhões de refugiados e uma guerra que não pode ganhar.

Com a escalada desse conflito, estamos bem próximos de uma terceira guerra nuclear entre as superpotências, Estados Unidos e Rússia.

Certa vez perguntaram a Einstein; Como será a terceira guerra mundial? Ele respondeu:

"A terceira guerra mundial não sei como será, mas a quarta, eu sei; será com paus e pedras".

Já passou da hora das potências envolvidas nesse conflito sentarem à mesa para negociar o fim dessa guerra, antes que, os loucos e psicopatas no poder, acabem com a nossa civilização.

Autoria
José Paulo Barbosa é professor, escritor e militante de causas sociais e ambientais.
Artigos publicados